DIVINA MARIA CORRÊA
( BRASIL – MINAS GERAIS )
Pedagoga, administradora escolar, nasceu em Lagamar, Minas Gerais.
Aprendeu as primeiras letras com um professor leigo e adorava descobrir nas
coisas guardadas algo para ler, mesmo que fosse às escondidas, pois
naquele tempo ler era sempre proibido pelos mais velhos. Mesmo assim
conseguiu vencer os obstáculos.
Suas maiores descobertas foram os romances e poesias.
Passou toda infância numa fazenda, escrevendo contos e poesias para si
mesma e continua a escrever, baseando-se em fatos reais, em
acontecimentos do cotidiano, cujos personagens são as pessoas do seu
convívio profissional ou familiar.
O desejo de expressar o que sente e o que vê, faz com que sua criatividade
aumente, sobre determinados personagens, levando-a a escrever sempre,
usando um estilo próprio, claro, didático e convincente, abordando
principalmente o mundo infantil e adolescente.
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MOUSINHO, Ronaldo Alves. Vida em Poesia; 36 anos Poetas
Escolhidos. Brasília: Valci Gráfica e Ed., 1996. 173 p. N. 01 175
Exemplar da Biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo (livreiro)
Brito (em Brasília) em outubro de 2024.
VOCÊ
Você é uma grande estrela
que canta, encanta
e abraça sorrindo
todos os que vão chegando
é o consolo do povo
sofrido
traído
desiludido
você dá ao mundo uma história
tem força e soberania
transforma em realidades
sonhos desenhados
ao povo dá mensagem
de nobreza
aspirações
beleza
esperança
e cidadania
você é uma heroína
que nasceu bem depois de mim
e me ensinou que no meu íntimo
há um sentimento melhor
e uma força maior
do Poder Infinito
você é Brasília.
BELA CIDADE
Vou deixar de ouvir a cauã cantar e o gado berrar
vou deixar de contemplar a natureza, brincar com a lua
e partirei
Despeço-me das borboletas, da cachoeira e do meu pássaro belo
Quero partir e sentir presença de seres humanos
rezar pela juventude de tantos talentos
vestida de sonhos, fantasias e segredos sem fim,
passando, correndo e tropeçando pelos corredores da
Universidade
Vou partir e passar pela Praça dos Três Poderes
a Esplanada dos Ministério e entristecer-me:
ao ver os mendigos rolando pela grama
mas também alegrar-me ao ver pessoas garbosas
bem amadas e bem vestidas
ao ver as crianças sorridentes
correndo livres até a Torre de Televisão
Despeço-me do vento que assanha meu pé de rosas amarelas
da minha tartaruga que se chama Florisbela
solto meus cavalos, minhas éguas e deixo de cavalgar
Não sei quais são, mas sei que tenho mil razões para partir
Vou para a minha cidade, onde sempre vivi:
vendo mortes prematuras
confrontos e conflitos
correrias e loucuras
ódio e lamentações
juventude desviada
gente passando fome
e plantando pé de solidão
chorando e caminhando sozinho
batendo prá lá e prá cá
cansada quase a desfalecer
mas também vendo:
crianças crescendo sorrindo
brilho em muitos olhares
bosques enfeitados de rosas
animais, árvores, lagos e estrelas
eternos amantes
juventude sadia e inteligente
quem desenhou e realizou sonhos
quem cantou e encantou
quem sentiu que a liberdade não é apenas sensação
e que a vida não é só rigorismo e austeridade
quem vive em estado de oração
e reconhece sua dimensão superior
Sei que no meu trajeto do aeroporto ao Jardim Zoológico
e da Esplanada dos Ministérios à Rodoferroviária
poderei novamente encontrar:
chuvas e vendavais
duros dias de tempestades
mas também ocorrem dias de brisa refrescante
e a noite cede lugar aos mais lindos dias de sol
Então verei a bela cidade crescendo sem parar
Com a força do trabalho do homem de boa fé
Novamente poderei ouvir músicas e flutuar...
sentir sobre meus ombros os versos do poeta:
passar, sorrir e ver o cerrado florir.
*
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Página publicada em janeiro de 2025
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